O número de evangélicos no Brasil é cada vez maior. Segundo informações noticiadas pelo Gospel Mais recentemente, existem cerca de 46 milhões de evangélicos no país, mas ao mesmo tempo um cenário de preconceito e discriminação parece estar se desenhando. É a chamada “crentefobia”.
Larissa Ramos, de 22 anos e Lucas Lima, de 30, relataram ao jornal Folha de S. Paulo experiências que confirmam casos de crentefobia no Brasil. No caso da moça, ela foi discriminada pelo próprio namorado porque, como evangélica, foi vista como apoiadora do então candidato à presidência da República, Jair Bolsonaro, em 2018.
O resultado do conflito entre Larissa e seu namorado foi o fim da relação, mas ela ponderou. “Claro que não foi só pela questão política, mas ajudou. Ele tava com vergonha de mim. Chegou a escrever ‘crentezinha’ [no WhatsApp] numa briga.”, afirmou a moça.
No caso de Lucas, a crentefobia partiu do próprio pai. Evangélico, o rapaz escolheu fazer sexo apenas depois do casamento, o que terminou resultando em preconceito contra ele por se declarar virgem.
“Ele dizia até que era viadagem. Queria me levar numa casa de prostituição, me oferecia bebida. Falava que assim que eu experimentasse a coisa, eu desistiria de ser crente”, afirmou à Folha.
Crentefobia é antiga
Casos como o de Lucas Lima não são acontecimentos novos. Muito antes que o termo “homofobia”, “islamofobia”, “gordofobia” e outras “fobias” se tornassem narrativas politicamente corretas na sociedade atual, os evangélicos (crentes) já sofriam preconceito e discriminação no Brasil.
Temas como sexualidade e de costumes, por exemplo, de não ingerir bebidas alcoólicas ou frequentar festas “mundanas”, sempre foram alvos de preconceito por parte da sociedade. Todavia, no contexto atual, a diferença parece estar no envolvimento da comunidade evangélica com as decisões políticas do país.
O viés político da nova crentefobia, por exemplo, foi exposto no documentário “Democracia em Vertigem”, onde a sua produtora, Petra Costa, apontou a vitória de Jair Bolsonaro em 2018 como resultado, também, de “enormes ondas de evangélicos que são contra os direitos dos gays, feminismo e pessoas de cor”.
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